BLOG ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE. AUTOR: ÁLAZE GABRIEL GIFTED.
Disponível em http://espiritualidade-e-religiosidade.blogspot.com.br
ORIGEM DO TERMO RELIGIÃO
Religião (do latim religare, de significado especulativo) é um conjunto de sistemas
culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que
relacionam a humanidade com a espiritualidade e seu próprios valores morais. Muitas religiões têm narrativas, símbolos, tradições e histórias sagradas que se destinam a
dar sentido à vida ou explicar a sua origem e do universo. As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética, as leis religiosas ou um estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza humana.
A palavra religião é muitas
vezes usada como sinônimo de fé ou sistema de crença, mas a religião
difere da crença privada na medida em
que tem um aspecto público. A maioria das religiões têm comportamentos
organizados, incluindo hierarquias clericais, uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações de leigos, reuniões regulares ou serviços para fins de veneração ou adoração de uma divindade ou para a oração, lugares (naturais ou arquitetônicos) e/ou escrituras sagradas para seus praticantes. A
prática de uma religião pode também incluir sermões, comemoração das atividades de um deus ou deuses, sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações, serviços funerários, serviços matrimoniais, meditação, música, arte, dança, ou outros aspectos religiosos da cultura humana.
O desenvolvimento da religião assumiu diferentes
formas em diferentes culturas. Algumas religiões colocam a tônica na crença,
enquanto outras enfatizam a prática. Algumas religiões focam na experiência
religiosa subjetiva do indivíduo, enquanto outras consideram as atividades da
comunidade religiosa como mais importantes. Algumas religiões afirmam serem universais, acreditando que
suas leis e cosmologia são válidas ou
obrigatórias para todas as pessoas, enquanto outras se destinam a serem
praticada apenas por um grupo bem definido ou localizado. Em muitos lugares, a
religião tem sido associada com instituições públicas, como educação, hospitais, família, governo e hierarquias políticas.
Alguns acadêmicos que estudam o assunto têm dividido as
religiões em três categorias amplas: religiões mundiais, um termo que se
refere à crenças transculturais e internacionais; religiões indígenas, que se refere a
grupos religiosos menores, oriundos de uma cultura ou nação específica; e o novo
movimento religioso, que refere-se a crenças recentemente desenvolvidas. Uma teoria
acadêmica moderna sobre a religião, o construtivismo social, diz que a religião
é um conceito moderno que sugere que toda a prática espiritual e adoração segue
um modelo semelhante ao das religiões abraâmicas, como um sistema de
orientação que ajuda a interpretar a realidade e definir os seres humanos e, assim, a religião, como um
conceito, tem sido aplicado de forma inadequada para culturas não-ocidentais que não são baseadas em tais sistemas
ou em que estes sistemas são uma construção substancialmente mais simples.
ETIMOLOGIA
A palavra portuguesa religião
deriva da palavra latina religionem (religio
no nominativo), mas desconhece-se ao certo que
relações estabelece religionem com outros vocábulos. Aparentemente no
mundo latino anterior ao surgimento do cristianismo, religionem referia-se a um
estilo de comportamento marcado pela rigidez e pela precisão.
A raiz da palavra Religião
tem ligações com o -lig- de diligente ou inteligente ou com le-, lec-, -lei,
-leg- de "ler", "lecionar", "eleitor" e
"eleger" respectivamente. o re- iniciar é um prefixo que vem de
red(i) "vir", "voltar" como em "reditivo" ou
"relíquia".
Historicamente foram propostas várias
etimologias para a origem de religio. Cícero, na sua obra De natura deorum, (45 a.C.) afirma que o termo se refere a relegere, reler, sendo
característico das pessoas religiosas prestarem muita atenção a tudo o que se
relacionava com os deuses, relendo as escrituras. Esta proposta etimológica
sublinha o carácter repetitivo do fenómeno religioso, bem como o aspecto
intelectual. Mais tarde, Lactâncio (século III e IV d.C.) rejeita a interpretação de Cícero e afirma
que o termo vem de religare, religar, argumentando que a religião é um
laço de piedade que serve para religar os seres humanos a Deus.
No livro "A Cidade de Deus" Agostinho de Hipona (século IV d.C.) afirma que religio deriva
de religere, "reeleger". Através da religião a humanidade
reelegia de novo a Deus, do qual se tinha
separado. Mais tarde, na obra De vera religione Agostinho retoma a
interpretação de Lactâncio, que via em religio uma relação com
"religar".
Macróbio (século V d.C.) considera que religio
deriva de relinquere, algo que nos foi deixado pelos antepassados.
A palavra "religião" foi
usada durante séculos no contexto cultural da Europa, marcado pela presença do cristianismo que se apropriou do termo latino
religio. Em outras civilizações não existe uma palavra equivalente. O
hinduísmo antigo utilizava a palavra rita que apontava para a ordem
cósmica do mundo, com a qual todos os seres deveriam estar harmonizados e que
também se referia à correcta execução dos ritos pelos brâmanes. Mais tarde, o termo foi substituído
por dharma, termo que atualmente é também usado pelo budismo e que
exprime a ideia de uma lei divina e eterna. Rita relaciona-se também com
a primeira manifestação humana de um sentimento religioso, a qual surgiu nos
períodos Paleolítico e Neolítico, e que se expressava por um vínculo
com a Terra e com a Natureza, os ciclos e a fertilidade. Nesse
sentido, a adoração à Deusa mãe, à Mãe Terra ou Mãe Cósmica
estabeleceu-se como a primeira religião humana. Em torno desse sentimento
formaram-se sociedades matriarcais centradas na figura
feminina e suas manifestações. Ainda entre os hindus destaca-se a deusa Kali ou A negra como símbolo desta Mãe cósmica. Cada uma das
civilizações antigas representaria a Deusa, com denominações variadas: Têmis (Gregos), Nu Kua (China), Tiamat (Babilônia) e Abismo ,(Bíblia).
Segundo o mitologista Joseph Campbell a mudança de uma ideia original da Deusa
mãe identificada com a Natureza para um conceito de Deus deve-se aos
hebreus e à organização patriarcal desta
sociedade. O patriarcalismo formou-se a partir de dois eventos fundamentais: a
atividade belicosa de pastoreio de gado bovino e caprino e às constantes
perseguições religiosas que desencadeavam o nomadismo e a perda de identidade territorial.
Herdado da cultura hebraica, patriarcado é uma palavra derivada do grego pater,
e se refere a um território ou jurisdição
governado por um patriarca; de onde a palavra pátria.
Pátria relaciona-se ao conceito de país, do italiano paese, por sua vez
originário do latim pagus, aldeia, donde também vem pagão. País, pátria, patriarcado e pagão tem
a mesma raiz.
Independente da origem, o termo é
adotado para designar qualquer conjunto de crenças e valores que compõem a fé de determinada pessoa ou conjunto de pessoas. Cada religião inspira
certas normas e motiva certas práticas.
CONCEITOS
Existem termos que são ditos/escritos
frequentemente no discurso religioso grego, romano, judeu e cristão. Entre eles
estão: sacro e seus derivados (sacrar, sagrar,
sacralizar, sacramentar, execrar), profano (profanar) e deus(es). O conceito desses termos varia bastante conforme a época e a
religião de quem os emprega. Contudo, é possível ressaltar um mínimo comum à
grande parte dos conceitos atribuídos aos termos.
Os religiosos gregos e romanos criam na
existência de vários deuses; os judeus, maometanos e cristãos acreditam que há
apenas uma divindade, um ser impossível de ser sentido pelos sensores humanos e
que é capaz de provocar acontecimentos improváveis/impossíveis que podem
favorecer ou prejudicar os homens. Para grande parte
das religiões, as coisas e as ações se dividem entre sacras e profanas. Sacro é aquilo que mantém uma ligação/relação com o(s) deus(es).
Frequentemente está relacionado ao conceito de moralidade. Profano é aquilo que não mantém nenhuma
ligação com o(s) deus(es). Da mesma forma, para grande parte das religiões a
imoralidade e o profano são correspondentes. Já o verbo "profanar"
(tornar algo profano) é sempre tido como uma ação má pelos religiosos.
DEFINIÇÕES
Dentro do que se
define como religião podem-se encontrar muitas crenças e filosofias
diferentes. As diversas religiões do mundo são de fato muito diferentes entre
si. Porém ainda assim é possível estabelecer uma característica em comum entre
todas elas. É fato que toda religião possui um sistema de crenças no
sobrenatural, geralmente envolvendo divindades, deuses e demônios. As religiões
costumam também possuir relatos sobre a origem do Universo, da Terra e do Homem, e o que acontece após a morte. A maior parte crê na vida após a morte.
A religião não é apenas um fenômeno
individual, mas também um fenômeno social. Exemplos de doutrinas que exigem não
só uma fé individual, mas também adesão a um certo grupo social, são as
doutrinas da Igreja, do judaísmo, dos amish.
A ideia de religião com muita frequência contempla a existência de seres
superiores que teriam influência ou poder de determinação no destino humano.
Esses seres são principalmente deuses, que ficam no topo de um sistema que pode
incluir várias categorias:
anjos, demônios, elementais, semideuses, etc.
Outras definições mais amplas de
religião dispensam a ideia de divindades e focalizam os papéis de
desenvolvimento de valores morais, códigos de conduta e senso cooperativo em
uma comunidade.
Ateísmo é a ausência de crença em qualquer
tipo de deus, muitas vezes se contrapondo às religiões teístas. Agnosticismo é a postura filosófica que afirma ser
impossível saber racionalmente sobre a existência ou inexistência de deuses e
sobre a veracidade de qualquer religião teísta, por falta de provas favoráveis
ou contrárias. Deísmo é a crença na
existência de um Deus criador, mas questiona a ideia de revelação divina.
Algumas religiões não consideram
deidades, e podem ser consideradas como ateístas (apesar do ateísmo não ser uma
religião, ele pode ser uma característica de uma religião). É o caso do budismo, do confucionismo e do taoísmo. Recentemente surgiram movimentos
especificamente voltados para uma prática religiosa (ou similar) da parte de
deístas, agnósticos e ateus - como exemplo podem ser citados o Humanismo Laico e o Unitário-Universalismo. Outros
criaram sistemas filosóficos alternativos como August Comte, fundador da Religião da Humanidade.
As religiões que afirmam a existência
de deuses podem ser classificadas em dois tipos: monoteísta
ou politeísta. As religiões monoteístas (monoteísmo) admitem somente a existência de um
único deus, um ser supremo. As religiões politeístas (politeísmo) admitem a existência de mais de um
deus.
Atualmente, as religiões monoteístas
são dominantes no mundo: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo juntos agregam mais da metade dos
seres humanos e quase a totalidade do mundo ocidental. Além destas, o Zoroastrismo, a Fé Bahá'í, o Espiritismo e Bnei Noah são religiões monoteístas.
MOVIMENTOS RELIGIOSOS
Esta classificação procura agrupar as
religiões com base em critérios geográficos, como a concentração numa
determinada região ou o fato de certas religiões terem nascido na mesma região
do mundo. As categorias mais empregues são as seguintes:
· Religiões africanas: religiões dos povos tribais da África Negra;
Esta classificação não se refere à
forma como tais religiões estão distribuídas hoje pela Terra, mas às regiões
onde elas surgiram. Fundamenta-se no fato de que as religiões paridas em
regiões próximas mantém também proximidades em relação aos seus credos, por
exemplo: as religiões nascidas no Oriente Médio em geral são monoteístas e
submetem seus crédulos a forte regime de proibições e obrigações, sempre se
utilizando de ameaças post-mortem como a do inferno cristão. Já as religiões
nascidas no Oriente Distante são ou politeístas ou espiritualistas (não pregam
a existência de nenhum deus, mas acreditam em forças espirituais) e são mais
flexíveis quanto suas normas morais.
A distribuição atual das religiões não
corresponde às suas origens, já que algumas perderam força em suas regiões
nativas e ganharam participação em outras partes do planeta, um exemplo básico
é o cristianismo, que é minoritário no Oriente Médio (onde surgiu) e
majoritário em todo o Ocidente e na Oceania (para onde migrou).
MUNDO CONTEMPORÂNEO
Este mapa mostra as religiões
predominantes que caracterizam cada país no mundo. Em muitos casos, duas
religiões com extensões de difusão semelhante, na mesma área, são representados
por uma textura listrada que alterna tanto as cores associadas com os dois
sistemas religiosos (em inglês).
Desde os finais do século XIX, e em particular desde a segunda
metade do século XX, o papel da
religião, bem como seu número de aderentes, se tem alterado profundamente.
Alguns países cuja tradição religiosa
esteve historicamente ligada ao cristianismo, em concreto os países da Europa,
experimentaram um significativo declínio da religião. Este declínio
manifestou-se na diminuição do número de pessoas que frequenta serviços
religiosos ou do número de pessoas que desejam abraçar uma vida monástica ou ligada ao sacerdócio.
Em contraste, nos Estados Unidos, na América Latina e na África subsariana, o cristianismo
cresce significativamente; para alguns estudiosos estes locais serão num futuro
próximo os novos centros desta religião. O islão é atualmente a religião que
mais cresce em número de adeptos, que não se circunscrevem ao mundo árabe, mas
também ao sudeste asiático, e a comunidades na Europa e no continente
americano. O hinduísmo, o budismo e o xintoísmo tem a sua grande área de
influência no Extremo Oriente, embora as duas
primeiras tradições influenciem cada vez mais a espiritualidade dos habitantes
do mundo ocidental. A Índia, onde cerca de 80%
da população é hindu, é um dos países mais religiosos do mundo, ficando em
segundo lugar após os Estados Unidos. As explicações para o crescimento das
religiões nestas regiões incluem a desilusão com as grandes ideologias do
século XIX e XX, como o nacionalismo e o socialismo.
Por outro lado, o mundo ocidental é marcado por práticas religiosas
sincréticas, ligadas a uma "religião individual" de cada um faz para
si e ao surgimento dos chamados "novos movimentos religiosos". Embora
nem todos esses movimentos sejam assim tão recentes, o termo é usado para se
referir a movimentos neocristãos (Movimento de Jesus), judaico-cristãos (Judeus
por Jesus), movimentos de inspiração oriental (Movimento Hare Krishna) e a grupos que
apelam ao desenvolvimento do potencial humano através por exemplo de técnicas
de meditação (Meditação
Transcendental).
Também presente na Europa e nos Estados
Unidos da América é aquilo que os investigadores designam como uma
"nebulosa místico-esotérica", que apela a práticas como o xamanismo, o tarot, a astrologia, os mistérios e cuja
atividades giram em torno da organização de conferências, estágios, revistas e
livros. Algumas das características desta nebulosa místico-esotérica são as
centralidades do indivíduo que deve percorrer um caminho pessoal de
aperfeiçoamento através da utilização de práticas como o ioga, a meditação, a ideia de que
todas as religiões podem convergir , o desejo de paz mundial e do surgimento de
uma nova era marcada por um nível superior de consciência.
Quatro maiores religiões
|
Seguidores (2010)
|
% da população mundial
|
Artigo
|
População mundial
|
6,8 bilhões
|
Dados
extraídos de artigos individuais:
|
|
1,9
bilhão – 2,1 bilhões
|
29%
– 32%
|
||
1,3
bilhão – 1,57 bilhão
|
19%
– 21%
|
||
500
milhões – 1.5 bilhão
|
7%
– 21%
|
||
950
milhões – 1 bilhão
|
14%
– 20%
|
||
Total
|
4,65 bilhões – 6,17 bilhões
|
68,38% – 90,73%
|
MÍDIA
Em 23 de dezembro de 1999 em seu número especial por ocasião da mudança do milênio, a revista The Economist publicou uma nota necrológica de Deus,
e afirmou mais tarde ter agido precipitadamente. Num longo noticiário de 3 de novembro de 2007, reconhece que apesar do prognóstico laicista ou secularista, a fé
sobrevive. O noticiário concluiu que para um político ou estadista seria um
erro muito perigoso ignorar ou legar a um segundo plano a religião. A temática
em torno de religião e sobre Deus também tomou conta
do debate político nos África em 2010 e ganhou espaço na campanha eleitoral, candidatos são obrigados a
responder perguntas sobre religião e se veem compelidos a participar de cultos.
CARACTERÍSTICAS
Embora cada religião apresente
elementos próprios, é também possível estabelecer uma série de elementos comuns
às várias religiões e que podem permitir uma melhor compreensão do fenômeno
religioso.
As religiões possuem grandes
narrativas, que explicam o começo do mundo ou que legitimam a sua existência. O
exemplo mais conhecido é talvez a narrativa do Gênesis na tradição judaica e cristã. Quanto à
legitimação da existência e da validade de um sistema religioso, este costuma
apelar a uma revelação ou à obtenção de uma sabedoria por parte de um fundador,
como sucede no budismo, onde o Buda alcançou a iluminação enquanto meditava debaixo de uma figueira ou no Islão, em que Muhammad recebeu a revelação do Corão de Deus.
As religiões tendem igualmente a
sacralizar determinados locais. Os motivos para essa sacralização são variados,
podendo estar relacionados com determinado evento na história da religião (por
exemplo, a importância do Muro das Lamentações no judaísmo) ou
porque a esses locais são associados acontecimentos miraculosos (santuários
católicos de Fátima ou de Lourdes) ou porque são marcos de eventos religiosos
relacionados à mitologia da própria religião (monumentos megalíticos, como Stonehenge, no caso das religiões pagãs). Na
antiga religião grega, os templos não eram locais para a prática religiosa, mas
sim locais onde se acreditava que habitava a divindade, sendo por isso
sagrados.
As religiões estabelecem que certos
períodos temporais são especiais e dedicados a uma interação com o divino.
Esses períodos podem ser anuais, mensais, semanais ou podem mesmo se desenrolar
ao longo de um dia. Algumas religiões consideram que certos dias da semana são
sagrados (Shabat no judaísmo ou o Domingo no cristianismo), outras marcam esses dias sagrados de
acordo com fenômenos da natureza, como as fases da lua, na religião Wicca, em
que todo primeiro dia de lua cheia esbat é considerado sagrado. As religiões propõem festas ou períodos de jejum
e meditação que se desenvolvem ao longo do ano.
HISTÓRIA DO ESTUDO DA
RELIGIÃO
As primeiras reflexões sobre a religião
foram feitas pelos antigos Gregos e Romanos. Xenofonte relativizou o fenômeno religioso,
argumentando que cada cultura criava deuses à sua semelhança. O historiador
grego Heródoto descreveu nas suas Histórias
as várias práticas religiosas dos povos que encontrou durante as viagens que
efetuou. Confrontado com as diferenças existentes entre a religião grega e a
religião dos outros povos, tentou identificar alguns deuses das culturas
estrangeiras com os deuses gregos. O sofista Protágoras declarou desconhecer se os
deuses existiam ou não, posição que teve como consequências a sua expulsão de Atenas e o queimar de toda a sua obra. Crítias defendeu que a religião servia para
disciplinar os seres humanos e fazer com que estes aderissem aos ideais da
virtude e da justiça. Júlio César e o historiador Tácito descreveram nas suas
obras as práticas religiosas dos povos que encontraram durante as suas
conquistas militares.
Nos primeiros séculos da era atual, os
autores cristãos produziram reflexões em torno da religião fruto dos ataques
que experimentaram por parte dos autores pagãos. Estes criticavam o fato desta
religião ser recente quando comparada com a antiguidade dos cultos pagãos. Como
resposta a esta alegação, Eusébio de Cesareia e Agostinho de
Hipona mostraram que o cristianismo se inseria na tradição das escrituras
hebraicas, que relatavam a origem do mundo. Para os primeiros autores cristãos,
a humanidade era de início monoteísta, mas tinha sido corrompida pelos cultos
politeístas que identificavam como obra de Satanás.
Durante a Idade Média, os pensadores do mundo muçulmano
revelaram um conhecimento mais profundo das religiões que os autores cristãos.
Na Europa, as viagens de Marco Polo permitiram conhecer alguns aspectos das
religiões da Ásia, porém a visão sobre
as outras religiões era limitada: o judaísmo era condenado pelo facto dos
judeus terem rejeitado Jesus como messias e o islão era visto como uma heresia.
O Renascimento foi um movimento cultural e artístico
que procurava reviver os moldes da Antiguidade. Assim sendo, os antigos deuses
dos gregos e dos romanos deixaram de ser vistos pela elite intelectual e
artística como demónios, sendo representados e estudados pelos artistas que os
representavam. Nicolau de Cusa realizou um estudo
comparado entre o cristianismo e o islão em obras como De pace fidei e Cribatio
Alcorani. Em Marsílio Ficino encontra-se um interesse em estudar as
fontes das diferentes religiões; este autor via também uma continuidade no
pensamento religioso. Giovanni
Pico della Mirandola interessou-se pela tradição mística do judaísmo, a Cabala.
As descobertas e a expansão européia
pelos continentes, tiveram como consequência a exposição dos europeus a culturas
e religiões que eram muito diferentes das suas. Os missionários cristãos
realizaram descrições das várias religiões, entre as quais se encontram as de Roberto de Nobili e Matteo Ricci, jesuítas que conheceram bem as
culturas da Índia e da China, onde viveram durante anos.
Em 1724 Joseph François Lafitau, um padre jesuíta, publicou a obra Moeurs
des sauvages amériquains comparées aux moeurs des premiers temps na qual
comparava as religiões dos índios, a religião da Antiguidade Clássica e o
catolicismo, tendo chegado à conclusão de que estas religiões derivavam de uma
religião primordial.
Nos finais do século XVIII e no início do século XIX parte importante dos textos sagrados
das religiões tinham já sido traduzidos nas principais línguas européias. No século XIX ocorre também a estruturação da antropologia como ciência, tendo vários
antropólogos se dedicado ao estudo das religiões dos povos tribais. Nesta época
os investigadores refletiram sobre as origens da religião, tendo alguns
defendido um esquema evolutivo, no qual o animismo era a forma religiosa primordial, que
depois evoluía para o politeísmo e mais tarde para o monoteísmo.
ABORDAGENS
DISCIPLINARES
O estudo científico da religião é atualmente
realizado por várias disciplinas das ciências sociais e humanas. A história das religiões, nascida na segunda
metade do século XIX, estuda a religião recorrendo aos métodos da investigação
histórica. Ela estuda o contexto cultural e político em que determinada
tradição religiosa emergiu.
A Sociologia da Religião analisa as
religiões como fenómenos sociais, procurando desvendar a influência dela na vida
do indivíduo e da comunidade. A Sociologia da Religião tem como principais
nomes Emile Durkheim, Karl Marx,Ernst Troeltsch, Max Weber e Peter Berger.
A Antropologia, tradicionalmente centrada no estudo
dos povos sem escrita (embora os seus campos de estudo possam ser também as
modernas sociedades capitalistas), desenvolveu igualmente uma área de estudo da
religião, na qual se especulou sobre as origens e funções da religião. John Lubbock, no livro The Origin of
Civilization and the Primitive Condition of Man apresentou um esquema
evolutivo da religião: do ateísmo (entendido como ausência de ideias
religiosas), passa-se para o xamanismo, o antropomorfismo, o monoteísmo e
finalmente para o monoteísmo ético. Esta visão evolucionista foi colocada em questão
por outros investigadores, como E.B. Taylor que considerava o animismo como a primitiva forma de religião.
A Fenomenologia da Religião, que deriva da filosofia fenomenológica de Edmund Husserl, tenta captar o lado único da
experiência religiosa. Utiliza como principal método científico a observação,
explicando os mitos, os símbolos e os rituais. Ela procura compreender
a religião do ponto de vista do crente, bem como o valor dessas crenças na vida
do mesmo. Por estas razões evita os juízos de valores (conceito de epoje
ou abandono de qualquer juízo de valor). Os principais nomes ligados à
Fenomenologia da Religião são Nathan Soderblom, Garardus van der Leeuw, Rudolf Otto, Friedrich Heiler e Mircea Eliade.
LISTA DAS
PRINCIPAIS RELIGIÕES E TRADIÇÕES ESPIRITUAIS DA HUMANIDADE
TEÍSMO
MONOTEÍSMO
Abraâmico
o Assíria
o Jeovismo
· Judaísmo
o Cabala
o Caraísmo
o Essênios
o Fariseus
o Haredi
o Masorti
o Saduceus
o Sufismo
o Sunismo
o Xiismo
· Babismo
· Yazidi
· Cao
Dai
Não-abraâmico
· Atonismo
· Sikhismo
· Cao
Dai
· Tenrikyo
o Santería
o Vodu
o Babaçuê
o Batuque
o Cabula
o Omoloko
o Terecô
o Umbanda
o Xambá
POLITEÍSMO
Neopaganismo
· Asatrú
· Wicca
· Odinismo
TEÍSMO INDEFINIDO
NÃO-TEÍSMO
· Budismo
o Zen
o Mahayana
o Hinaiana
o Reiyukai
o Nitiren
o Teravada
o Civaismo
· Taoísmo
· Jainismo
· Tenrikyo
RELIGIÕES AFROBRASILEIRAS
São consideradas religiões afro-brasileiras, todas as religiões
que tiveram origem nas Religiões tradicionais africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos negros africanos, na condição de escravos. Ou religiões que absorveram ou
adotaram costumes e rituais africanos. Vide lista a seguir:
· Candomblé - Em todos estados
do Brasil
· Encantaria - Maranhão, Piauí, Pará, Amazonas
· Quimbanda - Em todos estados
do Brasil
· Umbanda - Em todos estados
do Brasil
· Xambá - Alagoas, Pernambuco
As religiões afro-brasileiras na
maioria são relacionadas com a religião yorùbá e outras religiões tradicionais africanas, é uma parte das religiões
afro-americanas e diferentes das religiões afro-cubanas como a Santeria de Cuba e o Vodou do Haiti pouco conhecidas no Brasil.
BATUQUE
A estruturação do Batuque no estado do Rio Grande do Sul deu-se no início do século XIX, entre
os anos de 1833 e 1859 (Correa, 1988 a:69). Tudo indica que os primeiros terreiros
foram fundados na região de Rio Grande e Pelotas. Tem-se notícias, em jornais desta
região, matérias sobre cultos de origem africana datadas de abril de 1878,
(Jornal do Comércio, Pelotas).
De fato, após longas pesquisas em inúmeras fontes confiáveis, como, por exemplos, em bibliotecas virtuais de pós-graduações em ciências da religião da USP, UFRJ, UFSCar, UFMG, UFJF, UMESP, UNESP, UNIFESP, PUC, dentre outras, consegui montar um quadro bastante abrangente e profundo das principais religiões e tradições espirituais da humanidade com suas respectivas histórias, doutrinas e objetivos. Decerto almejo saciar a sede e fome espirituais dos leitores desse blog, ao passo que encarecidamente solicito que enriqueçam esse blog com seus comentários, compartilhem-no em suas redes sociais e indiquem-no a seus amigos e conhecidos. Por ora, agradeço o tempo e o esforço despendidos ao acessar (em) e ler (em) essa e outras mensagens contidas nesse portal.
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